quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Pesqueiro da Canção: Música e proteção ambiental

Coordenador do 4º Pesqueiro da Canção do Rio Ijuí, João Antônio Carneglutti, explica como funciona o festival. E fala sobre a consciência ambiental que uniu o Grupo de Arte Nativa Amigos do Rio Ijuí

O que é o Pesqueiro da Canção do Rio Ijuí?

O Grupo de Arte e Cultura Nativa Amigos do Rio Ijuí é uma amizade que surgiu há anos. Sempre tivemos a preocupação com os rios, essa grande bacia do Rio Ijuí, que é o segundo maior afluente do Rio Uruguai. Pensamos em nos reunir, fazer um encontro, de uma forma informal, chamar letreiros, intérpretes e músicos. Na verdade é um acampamento de pescaria, é a música, amizade. Nos espelhamos no Festival da Barranca de São Borja, que é um evento fechado, só para convidados.

E sobre a consciência ambiental?

Somos preocupados com o meio ambiente. Justamente por isso criamos o Grupo de Arte Nativa Amigos do Rio Ijuí. Arte Nativa, pois somos conscientes da preservação e a arte está ligada com o meio ambiente. Sempre gostamos de pescar e queríamos deixar para os nossos filhos e netos esse legado. De poder sentar à beira do rio e contemplar as belezas no nosso Rio Grande do Sul. Acreditamos que podemos levar essa consciência para a comunidade através das nossas músicas. Os cds, por exemplo, são distribuídos nas escolas, assim as crianças aprendem desde cedo sobre a preservação. Nós, como músicos, também temos esse dever, de preservar o meio ambiente.

Como acontece o Pesqueiro?

São duas noites. Na primeira noite, que é na quinta-feira, cada artista traz sua canção pré-elaborada, apresenta no palco. Ela será avaliada e as melhores serão classificadas e recebem um troféu como lembrança, como “recuerdo”. Na noite de sexta-feira, por volta das 23 horas, damos o tema do Pesqueiro. No sábado às 20 horas a canção tem que estar pronta. O nosso grupo tem essa característica de não só fazer festa, porém de fazer uma provocação. Fazer refletir.

Quais temas já fizeram parte do evento?

Nascemos no primeiro Pesqueiro falando das nossas origens, das nossas raízes. Ijuí como uma terra de mais de 12 etnias, chegaram pessoas de todo mundo construir esta comunidade e beber desta água. O segundo foi “O Discurso da Palavra”, a prática da palavra, aquilo que eu digo e aquilo que eu faço. No ano passado foi a “Evolução”, mas com questionamento, o que é a evolução? Para uns é construir prédios, automóveis mais modernos. Para outros é o equilíbrio da vida, a qualidade do corpo, da alma. Alguns falaram do conceito evolutivo da vida.

É só para os ijuienses?

Não. Temos amigos que vêm de Santa Catarina e do Paraná, além de cidades da região e da fronteira.

E os jovens participam?

Nós valorizamos muito os jovens. Tem alguns que começaram pequenos, no canto mirim, em Santo Ângelo, e vieram para nosso Pesqueiro. Muitos deles acabaram vencendo outros festivais. Existe o princípio da integração, pois muitas vezes os participantes precisam de outros integrantes do Pesqueiro. Um gaiteiro, um cantor, ou outro recurso que o ajude a arranjar a música.

Seria pouco tempo para compor?

Os participantes têm cerca de 20 horas para ensaiar e deixar a música pronta. Esse é o desafio, e o homem tem essa capacidade da diversidade.

Como os interessados podem participar?

O evento ocorre em maio, são quatro dias, junto à Sede dos Funcionários Municipais, na RS 155. Reiterando que é um evento fechado, só participam convidados. A intenção é trazer quem tem vocação para a música, se abrirmos pode dispersar a do verdadeiro espírito do Pesqueiro. É um ambiente de acampamento, predominantemente masculino, não por preconceito a mulher, mas para deixar os participantes à vontade. João Chagas Leite compôs uma música que se refere a esses festivais de barranca, são oportunizados para que os jovens talentos possam criar obras que depois possam ir para as escolas e comunidade em geral, discutir a nossa temática.

Como foi o 4º Pesqueiro?

O lançamento ocorreu no dia 16 de abril. De 12 a 15 de maio, nos reunimos próximos da RS 155, perto da ponte sobre o Rio Potiribú. O evento reuniu diversos cantores, compositores e músicos. O tema que escolhemos foi “Vida”. Agora reunimos os vencedores do Pesqueiro e lançamos o CD.

Por Taís Machado

Edição Gislaine Windmoller

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