quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Ele explica que o foco da recuperação atualmente é na remoção dos resíduos que contaminam o lago e o circuito no entorno do arroio Moinho, o que acaba mobilizando um trabalho elaborado no projeto de recuperação ambiental. “A outra parte é retirar todas as entradas de esgotos que estão dentro do lago e manter o monitoramento. Após a retirada dos resíduos e do esgoto, se o laudo apontar metais pesados, haverá um projeto diferente de recuperação”, disse. Deste modo, enquanto não forem realizadas as análises necessárias, o uso das águas do lago será retido apenas como instrumento paisagístico, não sendo recomendada nenhuma atividade aquática ou de lazer que tenham contato com a água.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Fundada em junho de 1997, a Arpa-Fiúza (Associação de Recuperação e Preservação Ambiental Rio Fiúza) é uma organização não-governamental de Panambi que luta pelo meio ambiente. A entidade se engaja por melhorias na atenção dispensada ao rio Fiúza, mas se envolve em outras questões, como o lixo e as Áreas de Preservação Permanente (APPs).
O rio Fiúza banha Panambi, e é o único utilizado para o fornecimento de água à população. Qual é a atual situação do rio?
Nosso rio Fiúza ainda goza de razoável saúde, qualitativa e quantitativamente. A poluição industrial não é significativa. Mas o esgoto doméstico é a maior ameaça à integridade da massa hídrica. O rio tem pouca água devido a banhados e nascentes desprotegidos ou até drenados. O sistema de plantio direto na palha tem contribuído para diminuir o problema da lixiviação – que acontece quando detritos terrosos, nutrientes e até defensivos agrícolas vão para os rios em dias de chuva.
Na avaliação da Arpa, o quadro atual do rio Fiúza é o adequado?
O rio tem segmentos distintos no seu conteúdo. Antes da cidade, é um rio quase totalmente livre de elementos sugadores da vazão que alimentam pivôs de irrigação. Até agora a vazão atende ao abastecimento urbano, sim. Neste trecho do percurso, em muitos pontos, o rio recebe dose cavalar de esgotos domésticos. A solução está na construção de uma estação de tratamento de esgoto (ETE), cuja autorização a Prefeitura de Panambi está outorgando à Corsan.
Qual é a principal luta da Arpa-Fiúza?
A Arpa-Fiúza, por meio de suas atividades, trabalha para conscientizar a comunidade sobre as questões do meio ambiente e da defesa dele. Essa modificação de consciência é lenta e tem também o propósito de alcançar as muitas pessoas que têm pendor favorável ao meio ambiente, para se dispor a arregaçar as mangas e juntar-se aos associados atuantes. O que nos preocupa é o pensamento dos produtores rurais quanto a algumas questões de reserva de parte da propriedade para fins legais: Reserva Legal no Código Florestal Brasileiro, APPs e proteção de nascentes e banhados.
Além da questão da água, da questão do rio Fiúza, quais são os outros engajamentos da entidade em relação ao meio ambiente?
Uma luta externa considerável é a questão do lixo urbano. O lixão tem merecido da Arpa e do Conselho Municipal do Meio Ambiente (CMMA) uma atenção especial, sendo alvo de visitas periódicas, e temos emitido relatórios que são distribuídos à Prefeitura, ao Ministério Público (MP) e à Câmara de Vereadores. O MP tem se valido desses documentos para exigir ações do poder público. A Arpa é parceira do CMMA em diversos empreendimentos: discussão do Plano de Arborização Urbana, Plano de Saneamento Básico, Recuperação do Lixão da BR-158, além do lixão atual.
Há quanto tempo esses planos começaram a ser desenvolvidos e qual é o estágio atual deles? Hoje, qual é a perspectiva de que sejam executados?
O Plano de Arborização foi feito em 2011, e ainda não saiu do papel. O Plano de Saneamento foi começado em 2010, e ainda está infindo. A estação de tratamento de esgoto faz, ou fará, parte. Quanto ao lixão da BR-158, a Prefeitura tinha o compromisso com o Ministério Público de recuperar a área do antigo lixão. Fez uma parte do serviço, onde a Arpa cobriu com plantio de mudas.
A Arpa-Fiúza, mesmo sem ser uma entidade focada na fiscalização, realiza visitas a Áreas de Preservação Permanente (APPs) para verificar a situação delas?
A Arpa-Fiúza não exerce fiscalização, que é uma atribuição pública, mas auxilia o poder que solicitar. Por exemplo: o MP solicitou ajuda para visitas técnicas às APPs que foram plantadas dentro do programa Fiúza Verde, de recomposição da mata ciliar nas margens do rio Fiúza. Às vezes ocorre de cidadãos perceberem um ato estranho de alguém que está derrubando uma árvore e nos avisarem esperando que tomemos providências. Vamos verificar se há algum delito e comunicamos ao Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura ou à Patrulha Ambiental da Brigada Militar.
Nesse sentido, a Arpa já fez a denúncia de pessoas físicas, a órgãos judiciais, por eventuais descumprimentos de lei na questão ambiental?
Sim, várias. Houve o caso de um cidadão que descascou um umbu que está na via pública, com a intenção de matar a árvore. Ele foi autuado e multado pelo Ministério Público. Fomos informados de que alguém estava desmatando uma área de banhado e a drenando com a intenção de plantar. Oficiamos ao Ministério Público, que tomou as providências legais.
De que maneira a Arpa-Fiúza busca mobilizar a população a se engajar nas ações da entidade?
A Arpa faz muitas atividades que a colocam na vitrine diante da população: mutirão de limpeza do rio, mutirão de limpeza da BR-158, parceria em congressos sobre questões ambientais… Isso nos granjeou um conceito muito positivo na comunidade. Se for feita uma enquete na cidade, uma grande parcela dirá que sabe ou conhece a Arpa e aprova suas realizações.
Por Murian Cesca
Edição Gislaine Windmoller
Ainda não há uma data definida, mas Panambi deverá ter uma estação de tratamento de esgoto da Companhia Riograndense de Saneamento - Corsan. A instalação desse serviço é uma exigência do prefeito do município, Miguel Schmitt-Prym, no contrato de renovação da concessão de serviços públicos de água, firmado com a estatal gaúcha.
Depois de meses de negociação, o contrato válido por 25 anos, foi assinado no dia 12 de setembro, em Porto Alegre. “A empresa continua com a concessão da distribuição de águas e agrega aos seus serviços, a partir de agora, a obrigatoriedade de implementar a rede de esgotamento sanitário em Panambi”, afirmou o prefeito, em nota distribuída à imprensa, no mesmo dia da assinatura do contrato.
Relatório explica e destinação do esgoto – Situação antiga, a falta de um tratamento, adequado ao esgoto produzido no município, foi abordada em um relatório técnico de 2009, que tem detalhes da destinação dada ao esgotamento sanitário na cidade. Em abril daquele ano, quatro meses depois de Miguel assumir a administração municipal, a Prefeitura recebeu o relatório técnico final do chamado Plano de Saneamento Básico Municipal (PSBM). O relatório foi elaborado pela empresa de consultoria NeoCorp Ltda., de Porto Alegre, que foi contratada para o trabalho. No relatório, que pode ser lido na íntegra no *site da Prefeitura, um trecho indica: “A cidade de Panambi não conta com um sistema de esgotamento sanitário, sendo utilizada na maioria dos casos fossa séptica conectada à rede pluvial que lança as águas servidas no rio Fiúza e no Arroio Moinho, que atravessam o município”.
Os dados seguintes, presentes no relatório, são do ano 2000, mas conseguem apresentar uma ideia geral da destinação do esgoto: naquele ano a população era de 38.035, havendo 9.746 domicílios. Desses domicílios, o esgoto era destinado a uma fossa rudimentar em 7.211 dos casos, a uma fossa séptica em 1.580; a um rio ou lago em 558 domicílios; a uma rede geral de esgoto ou pluvial em 169; a outro escoadouro em 133 e 95 domicílios não tinham banheiro nem sanitário.
Benefícios com a estação de tratamento – Uma estação de tratamento traria um rumo adequado para o esgoto e, naturalmente, diversas melhorias relacionadas ao meio ambiente e à saúde em Panambi. A água poderia ser reaproveitada reduzindo o consumo, deste recurso, em situações que dispensam o uso de água potável. De acordo com Jorge Lopes de Albuquerque, agente administrativo auxiliar do escritório da Corsan em Panambi, ao passar pelo processo realizado em uma estação de tratamento de esgoto, a água retorna ao meio ambiente praticamente livre de impurezas: “Ela não seria própria para consumo humano, é claro, mas poderia tranquilamente ser utilizada em açudes de criação de peixes, em banhados, rios, riachos… Há lugares que criam peixes com essa água tratada, como ocorre em Passo Fundo, por exemplo”, explica Jorge.
Projetos já foram cadastrados pela estatal gaúcha - Segundo, ainda, a nota explicativa repassada pelo prefeito, depois de a concessão ter sido renovada, a Corsan está habilitada a firmar o convênio com a Fundação Nacional de Saúde - Funasa, para o repasse, por parte do governo, da verba de R$ 700 mil, a serem aplicados na elaboração do projeto técnico para a rede de esgoto de Panambi. A estatal gaúcha, também está habilitada a, depois desse processo, firmar o convênio com o Ministério das Cidades, para o repasse de aproximadamente R$ 18 milhões, destinados à realização da obra. Esses processos já foram cadastrados pela própria Corsan, com o aval da administração municipal, que participou das requisições feitas ao governo federal.
Por Murian Cesca
Com a construção de uma hidrelétrica em Alecrim, muito dinheiro vai rolar na região. Mas ao mesmo tempo fará com que se percam muitos recursos naturais. Afinal, a conquista é boa ou não?
Há alguns meses foi confirmada a construção da usina hidrelétrica em Alecrim. A ideia da obra não satisfaz toda população da cidade e das cidades vizinhas. Esse grande investimento será um ganho para a região, mas vão ocorrer perdas: ambientais, de terras, de casas, dentre outras.
De acordo com o anúncio feito pelo Ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmernann, a barragem que será construída no interior de Alecrim se chamará Panambi e terá a capacidade de gerar 1.000 megawatts. A nova usina hidrelétrica deve fazer surgir na região um lago de aproximadamente 300 quilômetros quadrados. Até o momento os investimento do projeto giram em torno de 2 bilhões de dólares.
Segundo o Prefeito de Alecrim, Nerci Ames, está sendo feito um estudo sobre os impactos ambientais decorrentes da construção. “A barragem deve ter sua construção iniciada dentro dos próximos 13 meses”, acrescenta.
A área a ser alagada poderá atingir boa parte da cidade de Porto Mauá, cuja população deverá ser rebocada. Parte da cidade de Porto Vera Cruz possivelmente também será alagada. A Eletrobrás prevê que mais de 6 mil pessoas serão atingidas pelo lago da barragem e todas terão de ser removidas.
Os empreendedores das microrregiões Fronteira Noroeste, Celeiro e Missões estão preocupados com os danos que essa obra pode causar, mas ao mesmo tempo sabem que esse investimento é importante e necessário para a região. A hidrelétrica Panambi terá a capacidade de gerar mais de 10 mil empregos
Por Vanessa Bruinsma
Coordenador do 4º Pesqueiro da Canção do Rio Ijuí, João Antônio Carneglutti, explica como funciona o festival. E fala sobre a consciência ambiental que uniu o Grupo de Arte Nativa Amigos do Rio Ijuí
O que é o Pesqueiro da Canção do Rio Ijuí?
O Grupo de Arte e Cultura Nativa Amigos do Rio Ijuí é uma amizade que surgiu há anos. Sempre tivemos a preocupação com os rios, essa grande bacia do Rio Ijuí, que é o segundo maior afluente do Rio Uruguai. Pensamos em nos reunir, fazer um encontro, de uma forma informal, chamar letreiros, intérpretes e músicos. Na verdade é um acampamento de pescaria, é a música, amizade. Nos espelhamos no Festival da Barranca de São Borja, que é um evento fechado, só para convidados.
E sobre a consciência ambiental?
Somos preocupados com o meio ambiente. Justamente por isso criamos o Grupo de Arte Nativa Amigos do Rio Ijuí. Arte Nativa, pois somos conscientes da preservação e a arte está ligada com o meio ambiente. Sempre gostamos de pescar e queríamos deixar para os nossos filhos e netos esse legado. De poder sentar à beira do rio e contemplar as belezas no nosso Rio Grande do Sul. Acreditamos que podemos levar essa consciência para a comunidade através das nossas músicas. Os cds, por exemplo, são distribuídos nas escolas, assim as crianças aprendem desde cedo sobre a preservação. Nós, como músicos, também temos esse dever, de preservar o meio ambiente.
Como acontece o Pesqueiro?
São duas noites. Na primeira noite, que é na quinta-feira, cada artista traz sua canção pré-elaborada, apresenta no palco. Ela será avaliada e as melhores serão classificadas e recebem um troféu como lembrança, como “recuerdo”. Na noite de sexta-feira, por volta das 23 horas, damos o tema do Pesqueiro. No sábado às 20 horas a canção tem que estar pronta. O nosso grupo tem essa característica de não só fazer festa, porém de fazer uma provocação. Fazer refletir.
Quais temas já fizeram parte do evento?
Nascemos no primeiro Pesqueiro falando das nossas origens, das nossas raízes. Ijuí como uma terra de mais de 12 etnias, chegaram pessoas de todo mundo construir esta comunidade e beber desta água. O segundo foi “O Discurso da Palavra”, a prática da palavra, aquilo que eu digo e aquilo que eu faço. No ano passado foi a “Evolução”, mas com questionamento, o que é a evolução? Para uns é construir prédios, automóveis mais modernos. Para outros é o equilíbrio da vida, a qualidade do corpo, da alma. Alguns falaram do conceito evolutivo da vida.
É só para os ijuienses?
Não. Temos amigos que vêm de Santa Catarina e do Paraná, além de cidades da região e da fronteira.
E os jovens participam?
Nós valorizamos muito os jovens. Tem alguns que começaram pequenos, no canto mirim, em Santo Ângelo, e vieram para nosso Pesqueiro. Muitos deles acabaram vencendo outros festivais. Existe o princípio da integração, pois muitas vezes os participantes precisam de outros integrantes do Pesqueiro. Um gaiteiro, um cantor, ou outro recurso que o ajude a arranjar a música.
Seria pouco tempo para compor?
Os participantes têm cerca de 20 horas para ensaiar e deixar a música pronta. Esse é o desafio, e o homem tem essa capacidade da diversidade.
Como os interessados podem participar?
O evento ocorre em maio, são quatro dias, junto à Sede dos Funcionários Municipais, na RS 155. Reiterando que é um evento fechado, só participam convidados. A intenção é trazer quem tem vocação para a música, se abrirmos pode dispersar a do verdadeiro espírito do Pesqueiro. É um ambiente de acampamento, predominantemente masculino, não por preconceito a mulher, mas para deixar os participantes à vontade. João Chagas Leite compôs uma música que se refere a esses festivais de barranca, são oportunizados para que os jovens talentos possam criar obras que depois possam ir para as escolas e comunidade em geral, discutir a nossa temática.
Como foi o 4º Pesqueiro?
O lançamento ocorreu no dia 16 de abril. De 12 a 15 de maio, nos reunimos próximos da RS 155, perto da ponte sobre o Rio Potiribú. O evento reuniu diversos cantores, compositores e músicos. O tema que escolhemos foi “Vida”. Agora reunimos os vencedores do Pesqueiro e lançamos o CD.
Por Taís Machado
Edição Gislaine Windmoller
O ambientalista são-luizense José Alberto Pinheiro Vieira é o presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Piratini e tem presença constante nos assuntos relativos ao meio ambiente e sua preservação. Com a valorização dos recursos hídricos e a preocupação quanto à poluição e desperdício de água, ele fez uma análise do gerenciamento desses recursos no município de São Luiz Gonzaga e aponta peculiaridades e previsões para a qualidade da água dos rios e afluentes da região das Missões.
Em São Luiz Gonzaga, o seu trabalho de conscientização e preservação do meio ambiente é bastante conhecido. De onde surgiu o interesse no assunto?
Por volta de 1997, quando fui secretário de Administração de São Luiz Gonzaga, tive contato com eventos e atividades que ilustravam a crescente preocupação com os recursos naturais. Como na época o assunto era pouco abordado, comecei a pesquisar e coletar dados sobre a situação da fauna e da flora no município e região. Após analisar a falta de saneamento da cidade, nos deparamos com alguns problemas que atrasavam a sua instalação efetiva: além da necessidade de realizar um projeto detalhado para entregar para a concessionária dos serviços de água e esgoto, faltava educação ambiental junto à comunidade. Era comum avistarmos pessoas morando próximas a um arroio jogando dejetos nas suas margens.
Mas o que pode ter levado as pessoas a terem esse comportamento?
Uma das causas é, sem dúvida, a ocupação desorganizada do espaço. Há cerca de 50 anos, São Luiz estava em fase de desenvolvimento. A Prefeitura, na época, lançou uma campanha de expansionismo da área urbana, utilizando-se, para isso, de locais próximos ao leito de açudes, riachos e nascentes, hoje, conhecidas com Áreas de Preservação Permanente (APPs). Apesar da intenção, o desenvolvimento não ocorreu como o previsto, tornando essas áreas como periferias do município, onde, hoje, até a manutenção de vias públicas é rara. Eu notava isso quando trabalhava na Prefeitura: as pessoas chegavam com reivindicações de melhorias quanto ao abastecimento de energia elétrica e água. Porém, nunca exigiam o saneamento. E o saneamento básico, com o abastecimento do esgoto, é imprescindível para a qualidade de vida.
E a falta de saneamento nesses locais pode comprometer a saúde de seus moradores?
Se olharmos para as comunidades que vivem nas áreas pobres da cidade, constataremos que todos os locais são cortados por riachos e canais de transporte de resíduos, os chamados “esgotos a céu aberto”. Se examinarmos, grande parte das pessoas está com a saúde deficitária, pois é grande a incidência de desidratação, em decorrência de males advindos de água sem tratamento, além de vermes e contaminação por meio de pescados. Após estudos realizados no município, mapeamos o curso de rios e a vazão d`água de nascentes. Como todas as vilas e bairros foram construídos “recortando” esses cursos, a água encontra uma maneira de seguir seu caminho. Por isso, é normal encontrarmos locais completamente inundados em época de chuvas, em decorrência da grande concentração de cursos de água que se encontram e desembocam nos lugares mais baixos.
Como você, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piratini, avalia a questão da água no mundo? É provável que o Brasil se beneficie com a necessidade mundial pelo recurso, uma vez que o possui em abundância?
Essa questão é, no mínimo, curiosa. Sabemos que nosso país possui o sistema Guarani, o qual é constituído de alguns lençóis freáticos, como o Aquífero Guarani.
E por que não está sendo feita a venda desses recursos no Brasil para países mais pobres?
A venda massificada, que contaria com a extração feita por indústrias, ainda é cara, e, por isso, não compensaria sua exportação. Além do que, o equilíbrio natural seria afetado, pois estaríamos retirando o líquido de um local para outro, impedindo seu ciclo contínuo. Porém, somos conscientes de que isso pode acontecer. A água, com certeza, será a principal questão mundial a ser discutida nos próximos anos, e sua manutenção deverá ser feita com conscientização de nós, consumidores, e alheia a interesses financeiros. No entanto, sabemos que essa última questão já existe há muito tempo.
Por Emerson Scheis
Edição Gislaine Windmoller
Um rio sem poluição é aquele que possui águas purificadas e cristalinas, com margens limpas para que as plantas cresçam naturalmente. Para um rio ser assim, é preciso que não se jogue lixo, nem esgoto diretamente nele. Os rios são a fonte de vida do planeta. Infelizmente, não são todas as pessoas que entendem dessa forma e consequentemente acabam prejudicando esse recurso natural de diversas maneiras, jogando lixo de todas as espécies. Com o passar dos anos, essas fontes naturais estão desaparecendo, devido à extração de terra e assoreamento através do lixo em excesso. A cidade de Santa Rosa sofre com esta problemática, pois o Rio Pessegueirinho que costeia determinados bairros é vítima dos moradores próximos a sua margem. Por isso, a Prefeitura Municipal, juntamente com algumas entidades, realizam projetos de limpeza e preservação do rio, principalmente para evitar enchentes. O secretario do meio ambiente de Santa Rosa, Luiz Girardon, esclarece algumas questões voltadas ao assunto.
O rio Pessegueirinho tem cerca de 7 quilômetros de extensão. Nesse curto espaço, há poluição no rio?
A poluição pode ser considerada de várias formas, não há como definir em dados estatísticos a porcentagem de poluição. Basear-se na portaria 518 do Ministério da Saúde para água potável ou basear-se na resolução 357 (CONAMA) para efluentes. São vários parâmetros que devem ser analisados.
Quem são os responsáveis pela poluição do rio?
Geralmente, os locais afetados pela poluição sofrem agressões dos próprios moradores da cidade, que indevidamente despeja efluentes nocivos ao corpo hídrico. O que, quando chove, provoca algumas enchentes.
O que é realizado pela prefeitura a fim de evitar enchentes na cidade?
Desde o ano de 2009 realizamos ações para evitar enchentes, entre elas o desassoreamento do rio. O objetivo é aumentar o escoamento da água e evitar a poluição e enchentes. Existe um projeto em andamento de construção de redes de coleta do esgoto sanitário isto fará com que todo o esgoto doméstico não seja mais despejado no rio. Processos de conscientização são outros aspectos e ocorrem em conjunto com a população e empresas. Existe um projeto que prevê que até 2019 todo esgoto da cidade será coletado e tratado.
Como é feito o tratamento de esgoto na cidade? Qual é o destino do esgoto não tratado?
O esgoto é lavado até a Estação de Tratamento de Esgoto onde é tratado e devolvido corretamente ao rio. Boa parte da cidade possui sistema fossa séptica + sumidouro/filtro anaeróbio, porém em pouquíssimos casos os sistemas são dimensionados corretamente. Vale ressaltar que esse sistema é eficaz e normalizado pela ABNT. Outra boa parte da população liga seus esgotos domésticos à rede de drenagem pluvial onde o mesmo é carreado até os rios da cidade.
O que poderia ser feito pela população a fim de colaborar com a preservação do rio?
Conscientização e principalmente educação. O meio ambiente consiste em um direito difuso, então cada dano que um indivíduo causa estará afetando toda a população presente e até os que não nasceram ainda que (entende-se) não poderão conviver em um sistema natural adequado. Tudo se resume em educação e bom senso.
Edição Gislaine Windmoller
A preocupação com a iminente falta de água traz consigo o surgimento de novas formas de preservá-la, pensar na chuva como água potável é uma alternativa que deve ser refletida de acordo com o contexto onde será consumida.
Nas zonas rurais e nas florestas, a água da chuva é bem mais limpa que a das capitais e outros centros urbanos de grande porte. Na cidade, os poluentes nela contidos prejudicam bem mais o aparelho respiratório, pois o problema maior está mesmo no ar que respiramos, uma vez que a chuva ajuda a diluir a poluição presente na atmosfera.
Segundo o escritor Fernando Kitzinger Dannemann, em palestra proferida no 2º Fórum Mundial da Água de Chuva, o vice-presidente da Associação Internacional de Sistemas de Captação de Água de Chuva, João Gnadlinger, declarou que a captação de água da chuva vai trazer uma contribuição importante para resolver a escassez da água no futuro. “Pelo menos durante três milênios, pessoas pelo mundo inteiro captaram água de chuva para uso doméstico, para os animais e a agricultura. Com o advento de grandes e centralizados sistemas de fornecimento de água, a captação de água de chuva começou a ser negligenciada, apesar do uso intensivo de energia não renovável e de sérios problemas ambientais”, declara o vice-presidente.
A captação de água da chuva pode ser tão simples como uma pequena barragem que impede a água de escoar de uma ladeira ou tecnicamente avançada, como um reservatório que capta água de chuva para beber ou para a agricultura. Ela oferece uma riqueza em possibilidades para países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Edição Andressa Streicher
Como o município de São Luiz Gonzaga está se preparando para agir contra a dengue após cenário de epidemia ocorrido no início do ano
A cidade de São Luiz Gonzaga presenciou um clima de tensão no início deste ano. A causa: dengue. Em fevereiro, o município ganhou destaque em nível estadual quando dois de seus moradores foram diagnosticados com dengue, sendo a primeira cidade do estado no ano a apresentar casos de pessoas que contraíram a doença.
Estado de sítio - Nos meses seguintes, o Poder Público e os órgãos ligados à Saúde no município realizaram diversas ações no intuito de controlar a epidemia e combater os focos do mosquito Aedes aegypti. Foi criado o Gabinete de Crise de Combate à Dengue, em conjunto com o Comitê de Combate à Dengue, já existente no município. As reuniões semanais do Gabinete e do Comitê informavam a população sobre os avanços das ações e a situação dos casos notificados.
Também foi usado inseticidas em diversas residências pertencentes a quarteirões notificados com focos do mosquito. Além disso, o exército auxiliou no trabalho de combate à dengue, visitavam cada casa no intuito de orientar os moradores a eliminar possíveis fontes de proliferação do inseto.
Enfim, o controle da dengue – Na metade do ano foi divulgado que a dengue estava controlada no município, com mais de 90 casos notificados e 11 casos confirmados da doença, sendo, destes, dois autóctones (quando a doença é contraída fora do município) e nenhum óbito.
Agora, com a chegada do clima quente, novamente o assunto retorna à pauta no município. No entanto, segundo o presidente do Comitê de Combate à Dengue, Antônio Sérgio Pacheco, “o trabalho contra o Aedes aegypti continuou durante todo o ano, mesmo em períodos frios, pois, de certa forma, o mosquito sobrevive, devido às oscilações de temperatura presenciadas neste período”.
O trabalho continua – O Comitê segue estudando formas de controlar os focos do mosquito, contabilizados, desde o início do ano em 664 focos. No entanto, os órgãos ligados à Saúde estão enfrentando dificuldades em obter recursos junto à Secretaria Estadual da Saúde. De acordo com Pacheco, foram elaborados documentos solicitando ao secretário estadual da Saúde, Ciro Simoni, o repasse de recursos para manter o serviço e aumentar as contratações de agentes de forma a atender às exigências do Estado, que enfatiza o número mínimo de 14 agentes em municípios da mesma proporção de São Luiz Gonzaga. Atualmente, o município conta com oito agentes da Secretaria de Saúde local incumbidos de visitar residências e notificar e eliminar focos do Aedes aegypti.
Aprendendo a lição no combate à dengue
Embora São Luiz Gonzaga tenha presenciado um cenário de apreensão na primeira metade do ano, Pacheco salienta que “aprendemos com a experiência”. Para ele, “todo o trabalho desenvolvido, muitas vezes, às pressas, em razão da urgência da situação, permitiu que avaliássemos a melhor maneira de empreender ações visando ao controle da doença. Como agora, os recursos foram mínimos durante o período de crise; então, iremos procurar trabalhar de forma objetiva no combate à dengue neste novo período que agora chega, com o advento do verão”, ressaltou.
Cooperação - Como forma de contribuição no trabalho dos agentes de campo, o Comitê espera a ajuda dos moradores do município com atitudes que possam ser desenvolvidas no controle da proliferação do mosquito, e, consequentemente, da doença. Para isso, a comunidade precisa estar atenta a todas as informações veiculadas pelos órgãos de imprensa quanto à questão da dengue, e, principalmente, fazer a sua parte: “Se cada um desenvolver, na sua rotina, atitudes como evitar deixar garrafas, pneus e potes jogados ao ar livre, e mantiver seus quintais limpos, a batalha contra o mosquito poderá ser facilitada para os agentes de saúde”, ressalta.
Desde novembro as ações contra a dengue estão intensificadas no município, devendo ser amplamente divulgadas pelos veículos de comunicação como forma de conscientizar e mobilizar a comunidade são-luizense no combate ao mosquito Aedes aegypti.
Previna-se
- Evite água parada em potes, garrafas, pneus etc;
- Esvazie e escove paredes internas de recipientes que acondicionam água;
- Tampe caixas de água, cisternas tambores e barris com água;
- Fure ou elimine pneus velhos;
- Guarde garrafas com os bicos para baixo, para não reter água;
- Limpe sempre as calhas de telhados e de marquises, não permitindo o acúmulo de água;
- Use desinfetantes e água sanitária em ralos e na limpeza geral;
- Quando houver riscos de transmissão, use sempre o repelente.
Por Emerson Scheis